Santa Casa da Misericórdia de Bragança vai acabar com o serviço de amas. Pais e as amas estão revoltados com a decisão

Alega que a creche familiar dá despesas e que estaria obrigada, brevemente, a celebrar um contrato de trabalho com as amas, algo que a direção diz que não pode fazer. Uma vez que se quer reduzir a dívida, não há como criar mais vínculos profissionais.

O serviço de amas acaba em julho. A santa casa enviou um ofício aos pais, dando conta da extinção. A justificação foi de que as amas dão prejuízo à casa. Mas não acreditam.

“Mariana”, mãe de um bebé, sente-se apreensiva e diz que não tem sentido acabar com este tipo de resposta no Interior, quando tanto se apela ao crescimento da natalidade:

 

“Uma instituição como a Santa Casa, com a importância que tem a nível social na cidade, vai encerrar um serviço que é essencial? Não faz sentido. Nós até precisávamos que houvesse mais.”

A Santa Casa, na carta que enviou aos pais, disse que ia acabar com o serviço mas que as crianças podiam ser inscritas num infantário da instituição, sendo que será aberta uma nova sala. Para a mãe “Teresa” não é solução:

 

“A minha intenção era quando terminasse a creche familiar ela ir para um infantário da Santa Casa perto do meu local de trabalho, que não é o Cinderela, ou seja, eu sou obrigada a deixar a minha filha numa creche onde eu não quero.”

As amas também não acreditam que o serviço dê prejuízo. “Fernanda” é uma das seis amas e considera que a santa casa quer acabar com a resposta porque o Governo está a obrigar as instituições a fazer um contrato de trabalho às amas, que sempre trabalharam a recibos verdes. Ainda assim, foi estabelecida uma medida de apoio à contratação de pessoal. A ama não compreende porque motivo a Santa Casa nem assim mantêm a creche familiar e lhes dá estabilidade profissional:

 

“Há uma apresentação das candidaturas ao apoio à contratação de amas em creche familiar, até 30 de abril, e portanto podíamos fazer parte dessas candidaturas, já iam buscar mais dinheiro, porque não podemos continuar a trabalhar assim.”

 

“Susana” é outra das amas. Com o fim da resposta não sabe o que fazer agora à vida:

 

“Agora muito dificilmente se vai conseguir outro trabalho. Com a idade que se tem vamos procurar trabalho aonde? Quem é que nos vai dar trabalho? É claro que procuram pessoas mais jovens”.

Duarte Fernandes, que foi eleito provedor da santa casa em dezembro, confirma que a resposta dá despesa. Para reduzir a dívida, não havia outra alternativa se não extinguir a creche familiar:

 

“Fazendo uma média ponderada de 2020 até 2023 dá cerca de 20 mil euros de prejuízo. Temos que imputar o ordenado a uma técnica superior, a alimentação, a deslocação, o ordenado do motorista quando se desloca ao serviço das amas, isto tudo somado, dá 20 mil euros de prejuízo”.

 

Além do “prejuízo”, a situação dos contratos de trabalho está confirmada. Teriam de ser concretizados. Só que, neste momento, com a dívida, que se quer começar a reduzir, a santa casa não pode contratar gente. E era o que iria acontecer.

Após tomarem conhecimento desta intenção, os pais pediram ajuda ao director do Centro Distrital de Segurança Social de Bragança. Por e-mail, no dia 22 de março, Orlando Vaqueiro disse aos pais que a resposta não deveria ser extinta e que estava marcada, para o dia 25, uma reunião com a tutela, para tratar o tema. Essa reunião chegou a acontecer mas não se sabe o que dela resultou. Disse ainda que iria ter uma reunião com a direcção da santa casa. Essa não se concretizou porque no dia anterior à reunião teve um AVC.

Os pais, que assim o entendam, podem inscrever as suas crianças num outro infantário da Santa Casa de Bragança, neste caso, o Cinderela.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)