É preciso mudar as mentalidades dos agricultores. Esta é uma das conclusões de dois especialistas que ministraram este domingo, a palestra “Fertilização dos Castanheiros”, no âmbito da IX Feira da Castanha e outros Produtos da Terra, que decorreu em Corujas, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Alzira Rodrigues, da empresa Timac Agro Portugal, deixa as principais recomendações e boas práticas para as plantações de castanheiros:
Aquilo que eu posso dizer é que é fundamental numa plantação, uma ripagem, que se não for à terra toda, pelo menos na linha de plantação. Para desbloquear e quebrar o solo para as raízes poderem ter uma maior capacidade de infiltração e de se instalarem. Tentarem adubar com soluções próprias para a plantação, com o objetivo de mitigar ou de diminuir as diferenças do viveiro, para onde as vamos instalar. Os castanheiros vêm com tudo e depois quando chegam ao solo e falta-lhes tudo. Á medida de vamos explorando o solo, os recursos naturais vão se esgotando. E é fundamental esse cuidado. E depois nos primeiros anos de anos de vida, sim forma-lo e dar-lhe forma. E minimizar as podas e os cortes.
A engenheira contou que as muitas mobilizações e intensas podem fazer muito mal à árvore, levando à mortalidade precoce do castanheiro:
Antigamente e damos muitas vezes estes exemplos, no tempo dos meus pais e nos dos nossos avós, eram usados animais,como junta de bois nas lavragens e não se encostava à árvore. Hoje em dia fazem se as lavouras com muitos cavalos. Alguns agricultores não arrancam a planta porque não calha. Um ano há uma mazela, no ano seguinte outra e quando damos por ela, a planta, morreu. Infelizmente estamos a ter uma mortalidade elevada, devido a uma série de fatores, como o mau trato, não intencionado, mas tanto que lhe queremos, acabamos por os tratar mal. Exageramos nas limpas, nas lavouras, diminuímos à fertilização e depois temos falta de precipitação, e muitas vezes no tempo errado. E tudo isto dá o resultado que nós vemos.
Diminuir as lavouras é muito importante, porque as plantas acabam por morrer porque acabam por ser danificadas, verificando-se uma mortalidade elevada nos castanheiros:
Às vezes brinco e digo que os agricultores ou são acionistas da GALP, e das petrolíferas, ou são acionistas do ferro. Penso que era preferível irem para as associações das aldeias, socializarem do que realizar tantas lavouras que originam perda de humidade ou raízes que se quebram.
Durante o seminário foi explicado que o castanheiro é um planta muito sensível. Também especialista nesta área, Artur Xavier destacou que existe um conjunto de fatores atuais que condicionam as produções. Por isso é necessário um equilíbrio, como por exemplo, o uso de maquinaria pesada com bom senso:
Houve uma alteração nos soutos significativa. Antigamente as mobilizações eram feitas com bestas, agora são com máquinas extremamente potentes. Este equilíbrio é importante. Por exemplo, não mobilizar em excesso. Já os porta-excertos estão a evoluir, no sentido de corresponder às alterações que o clima está a ter, que são muitas. Por exemplo, as temperaturas estão desreguladas, estamos em novembro e estão 17 graus. Temos que nos preocupar. As mobilizações e a morte precoce dos castanheiros vai aumentar, a ver ver, porque temos, muito menos gente para trabalhar. Tudo isto vai contribuir para que haja alterações significativas a esse nível.
A plantação de castanheiros predomina nesta região de Trás-os-Montes, e estende-se ao concelho de Vinhais e de Bragança, mas nesta freguesia existem cerca de 100 hectares plantados.
Escrito por Rádio ONDA LIVRE